22.2.08

Resiliência



Está sendo bastante comum escutar nas empresas, nas escolas e a imprensa falar de que temos que ser resilientes. E os resilientes são aqueles que são capazes de vencer as dificuldades, os obstáculos, por mais fortes e traumáticos que elas sejam. Pode ser desde um desemprego inesperado, a morte de um parente querido, a separação dos pais, a repetência na escola ou uma catástrofe como um tsunami.

O conceito de resiliência passou de uma fase de “qualidades pessoais”, até ao conceito mais atual de compreendê-la como um atributo da personalidade desenvolvido no contexto psico-sócio-cultural em que as pessoas estão inseridas. E desde os anos 80 a escola tem sido vista como um desses ambientes, por excelência, para haver o enriquecimento da resiliência.
No Brasil, o assunto da resiliência se torna fundamental quando examinamos o fato de a taxa de crescimento econômico brasileiro – mesmo o país sendo tido como nação emergente – em 1996 ter sido de apenas 2,7%. Em 1997 ela terminou em 3,6% e, no ano seguinte, pifiamente – em apenas 0,12%. Em 1999 se marcou 0,8% e para 2000 houve uma alentadora taxa de 4,2%. Os dados e as projeções elaboradas pelo próprio IBGE para o triênio (2001-2004), nesse tópico e naqueles relacionados ao crescimento da condição econômica e melhora de vida, foram números lamentados por toda a sociedade.
Embora tais realidades estejam presentes no cenário brasileiro, e se fazem presentes no âmbito da resiliência, a pesquisa e a produção científica em torno desse tema, no que concerne à psicologia e à educação, começaram a surgir no Brasil apenas na última década.

No campo da educação temos dois aspectos relacionados. O primeiro diz respeito à resiliência da escola enquanto instituição que reúne diferentes sistemas humanos. O segundo contempla o aspecto particular da pessoa do professor e do aluno. Com relação a esse aspecto, embora seja um tema da subjetividade humana, pesquisadores como Edith Grotberg já disseram que ela é bastante mensurável. Uma vez que é possível compreendê-la como associada às fases do desenvolvimento humano; entendê-la como peculiar quanto ao gênero; não se subordina ao nível sócio-econômico; se difere dos fatores de risco e dos fatores de proteção; se trata de um dos atributos da saúde mental e da boa capacidade de aprender e é um processo que pode ser entendido com seus fatores, comportamentos e resultados resilientes. Por estar relacionada a diversas áreas da subjetividade humana é que ela carece de um alto grau de flexibilidade no curso de uma vida.
Particularmente na educação é possível ter muito mais êxito, se na vida houver flexibilidade de se viver ricamente os vínculos e os afetos que nos rodeiam. A falta de flexibilidade em situações de traumas e sofrimentos é uma das dificuldades para harmonizar um projeto de vida.
A flexibilidade e a riqueza dos vínculos se tornaram objetos de estudos desde os primórdios da pesquisa sobre resiliência. Elas estavam presentes nas próprias palavras de Frederic Flach, ao cunhar o termo em 1966 para o âmbito das ciências humanas, querendo dizer que em face da desintegração psíquico-emocional, uma pessoa necessita descobrir novas formas de lidar com a vida e dessa experiência se reorganizar de maneira eficaz. Segundo Richardson, por exemplo, muito se pode aprender sobre o que seja resiliência, particularmente quando olhamos para uma pessoa e podemos nela verificar a presença de um padrão de comportamento de defesa, seguido de padrões de adaptação e, por fim, da presença de padrões resilientes.
Esses elementos são organizados e os teóricos costumam chamar de Fatores de resiliência.

George Souza Barbosa

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